sábado, 24 de maio de 2014
terça-feira, 1 de abril de 2014
Proposta de Intervenção Pedagógica para sala de recursos
Atividade realizada para o curso de especialização da Redefor em parceria com a Unesp.
Proposta
de Intervenção
- Título – tema escolhido.
Mil
e uma histórias: a versão dos alunos.
- O objetivo da proposta.
·
Ampliar o repertório de histórias dos alunos.
·
Possibilitar aprendizagem de leitura e
escrita.
- Quem serão os participantes.
Alunos da Sala de Recursos com deficiência
intelectual da Escola Estadual Adelino Peters na cidade de Penápolis-SP. Alunos do 6º ao 9º ano de Ensino Fundamental.
- O desenvolvimento da atividade.
Detalhe como ela será desenvolvida, o tempo previsto para seu
desenvolvimento e os materiais que serão utilizados.
A
professora da Sala de Recursos apresentará aos alunos o livro “As mil e um
noites” (2000), e os questionará se conhecem a história, se já ouviram falar de
Sherazade, ou de Aladdin
Narrativa
da história de Sherazade pela professora, leitura da orelha o livro.
Os
alunos deverão escolher uma das histórias apresentadas do livro.
Leitura
pela professora do livro, se algum aluno tiver interesse poderá ler.
Os
alunos relatarão oralmente o que entenderam da história ouvida.
Procuraremos
no mapa-múndi onde fica a Pérsia, atual Irã.
Assistiremos
ao vídeo “Aladdin” (1992) da Disney. Discutiremos o filme em roda de conversa.
Os
alunos escolherão que história gostariam de escrever.
Utilizando
o Word digitarão seus textos.
Faremos
as correções textuais.
Após
a impressão da história os alunos ilustração a reescrita.
Apresentação
do trabalho aos alunos da classe regular e aos familiares.
O
tempo para desenvolver o trabalho: uma semana.
- Quais resultados esperados.
·
Fazer os alunos acreditarem que são
escritores em potencial.
Referências
GALLAND, Antoine. As Mil e Uma Noites. Rio de Janeiro: Revan, 2000.
160 p. Tradutor: Ferreira Gullar.
ALADDIN. Direção de Ron
Clements e John Musker. Produção de Ron Clements e John Musker. Roteiro: Ron
Clements e John Musker. Música: Alan Menken. Eua: Walt Disney Pictures Buena
Vista International, 1992. 1 DVD (90 min.), DVD, P&B. Legendado.
sábado, 29 de março de 2014
segunda-feira, 17 de março de 2014
19 Filmes sobre Autismo. Vamos assistir?
Mary e Max: Uma Amizade Diferente (2009)
Por Ana Leite (Reab)
Filmes são sempre uma boa pedida e, consequente, uma boa dica. Estão prontos para nossa lista com 19 filmes sobre Autismo? Alguns são mais antigos e abordam o tema da relação com os pais, outros relatam algumas outras relações valiosas, como com animais e com esportes.
Listamos dos mais antigos aos mais recentes:
Listamos dos mais antigos aos mais recentes:
1. Rain Man (1988)
O insensível Charlie Babbitt espera receber uma grande herança após a morte de seu pai, a quem ele não vê há anos. Mas Raymond (Dustin Hoffman), seu irmão mais velho, internado em uma instituição médica, alguém cuja existência Charlie ignorava até então, é quem recebe toda a fortuna. Raymond é um “autista sábio” com habilidades mentais seriamente limitadas em algumas áreas, mas com capacidade de gênio em outras. Quando Charlie rapta Raymond, a longa e maluca viagem atravessando o país, rumo a Los Angeles, ensina a ambos algumas lições sobre a vida
2. Gilbert Grape: Aprendiz de Um Sonhador (1993)
Na pequena cidade de Endora, Gilbert cuida de seu irmão autista Arnie e de sua mãe extremamente obesa. A cidade é calma e a vida segue seu rumo, até que Becky aparece, e Gilbert se apaixona por ela. Agora ele terá que lidar com a problemática família ao mesmo tempo em que quer aprender os segredos da moça.
3.Testemunha do Silêncio (1994)
Não há pistas, nem motivos, nem suspeitos. E a única testemunha ocular sabe que nem tudo poderá ser dito. Ele é uma criança autista de nove anos cujas memórias do brutal massacre de seus pais estão seladas dentro dele, a não ser que um determinado e carinhoso psicólogo infantil possa acessá-las.
4. À Sombra do Piano (1996)
Franny luta por mais de trinta anos para dar apoio e respeito a Rosetta, sua irmã mais nova, que é autista. Ela acredita que Rosetta tenha uma intensa vida emocional e intelectual escondida sob o seu rosto impassível. O principal obstáculo é a mãe, Regina, uma cantora lírica que abandonou a carreira para se dedicar à família e agora, amarga e ressentida, é obcecada por controle e carente de adulação.
5. Código Para o Inferno (1998)
Art Jeffries (Bruce Willis), um renegado agente do FBI, combate inescrupulosos agentes federais para proteger Simon, um garoto autista de 9 anos, que desvendou um “indecifrável” código secreto. Ele consegue ler o Mercury, um avançado código criptográfico do governo americano, tão facilmente, quanto outros garotos lêem inglês. Essa habilidade, torna vulnerável esse código de 1 bilhão de dólares, especialmente se os inimigos do governo descobrirem Simon e o capturarem. Nick Kudrow (Alec Baldwin), chefe do projeto Mercury, ordena que a “ameaça” seja eliminada, sem imaginar que Jeffries está envolvido.
6. Ressurreição (1998)
Conta a história de uma jovem mulher (Loretta), que vive em Chicago com sua mãe e dois filhos, uma delas (Tracy) tem autismo. Por insistência da mãe, Loretta vai passar o verão com as filhas em uma cidadezinhade interior, onde vivem seu tio e sua tia (que têm alzheimer). Durante sua estadia, aprende a lidar melhor com os problemas dos filhos e os seus próprios.
7. Experimentando a Vida (1999)
Elisabeth Shue interpreta Molly, uma jovem autista que sai do período de internação e fica sob os cuidados de seu irmão, Buck (Aaron Eckhart). Ele permite que a irmã inicie um tratamento experimental. Molly se transforma em um gênio, com inteligência superior, para a surpresa de Buck. Mas esse progresso acaba sendo relativo, já que Molly não se livra completamente da sua extrema concentração autista. Buck e sua irmã enfrentam agora outro grande desafio.
8. Uma Viagem Inesperada (2004)
Quando Corrine descobre que seus dois filhos gêmeos são autistas, ela fica inconformada, mas acaba aceitando o veredito. Ela então conta ao marido sobre o fato, e ele lhe diz que não quer lidar com o problema do autismo. Por isso, Corrine o abandona, e passa a criar os meninos sozinha. Ela os coloca numa escola e não informa sobre problema dos meninos. Mas a atitude estranha das crianças faz com que os professores a acusem de maus tratos e, quando Corrine conta a verdade, eles a mandam procurar outra escola.
9. Loucos de Amor (2005)
Donald Morton (Josh Hartnett) e Isabelle Sorenson (Radha Mitchell) sofrem da síndrome de asperger, uma espécie de autismo que provoca disfunções emocionais. Donald trabalha como motorista de táxi, adora os pássaros e tem uma incomum habilidade em lidar com números. Ele gosta e precisa seguir um padrão em sua vida, para que possa levá-la de forma normal. Entretanto, ao conhecer Isabelle em seu grupo de ajuda tudo muda em sua vida.
10. Um Certo Olhar (2006)
Alex Hughes, um ex-presidiário, está viajando para Winnipeg para ver um velho amigo. Ao longo do caminho, ele encontra o chato, mas vivaz, Vivienne Freeman que consegue pegar uma carona com ele, mas o veículo de Alex sofre um sério acidente, que mata Vivienne. Alex decide então falar com a mãe de Vivienne e vai até sua casa. Lá, ele descobre que a mãe, Linda, é uma mulher autista de alta funcionalidade. Ela o convence a ficar mais tempo, após o funeral e, naqueles dias, Alex descobre novas amizades e aprende mais sobre a singularidade de Linda mesmo enquanto ele se esforça para lidar com sua própria dor.
11. O Nome dela é Sabine (2007)
A atriz Sandrine Bonnaire narra a história da irmã Sabine, que é autista, através de imagens filmadas ao longo de 25 anos. Sandrine testemunha o momento atual de Sabine, que depois de uma estadia infeliz em um hospital psiquiátrico, passa a viver em uma estrutura adaptada a ela. E, dessa forma, numa casa na região de Charente, na França, reencontra a felicidade. A partir desse episódio, o documentário mostra a penúria e o despreparo de algumas instituições especializadas e as dramáticas conseqüências que podem causar aos doentes.
12. Ben X: A Fase Final (2007)
Ben é um jovem que sofre da síndrome de asperger e que se isola em sua própria realidade no mundo de Archlord, um jogo virtual. Seu modo de vida causa estranheza em seus colegas de classe, que o julgam e não o aceitam.
13. Sei Que Vou Te Amar (2008)
Thomas Mollison é um jovem de 16 anos que quer apenas ter uma vida normal. Seu irmão mais velho, Charlie, tem autismo e TDAH e o funcionamento de toda sua família gira em torno de lhe oferecer um ambiente de vida seguro. Ao se mudar para uma nova casa e uma nova escola, Thomas conhece Jackie Masters e começa a se apaixonar por ela. Quando sua mãe fica confinada na cama devido à gravidez, Thomas então deve assumir a responsabilidade de cuidar de seu irmão, o que pode custar a sua relação com Jackie, especialmente quando isso desencadeia um violento confronto na família em sua festa de aniversário.
14. Mary e Max: Uma Amizade Diferente (2009)
Uma história de amizade entre duas pessoas muito diferentes: Mary Dinkle, uma menina gordinha e solitária, de oito anos, que vive nos subúrbios de Melbourne, e Max Horovitz, um homem de 44 anos, obeso e judeu que vive com síndrome de asperger no caos de Nova York. Alcançando 20 anos e 2 continentes, a amizade de Mary e Max sobrevive muito além dos altos e baixos da vida. Mary e Max é exploram a amizade, o autismo, o alcoolismo, de onde vêm os bebês, a obesidade, a cleptomania, a diferença sexual, a confiança, diferenças religiosas e muito mais.
15. O Menino e o Cavalo (2009)
O jornalista britânico Rupert Isaacson se apaixonou pela americana Kristin Neff, professora de psicologia, quando viajava pela Índia. Sete anos depois, em 2001, nasceu seu filho Rowan. O mundo parecia perfeito até o menino ser diagnosticado com autismo. Tendo recorrido a todo tipo de terapia, sem sucesso, Rupert decide apostar numa jornada espiritual. Percebendo o amor do filho por cavalos, ele pesquisa como conciliar este fato com a busca por uma técnica de cura ancestral. A família parte assim para a Mongólia, onde, cavalgando por milhas, irão atrás do xamã mais poderoso da região.
16. A Mother’s Courage: Talking Back to Autism (2009)
Narrado por Kate Winslet, este inspirado filme mostra a busca de uma mulher para desbloquear a mente de seu filho autista. Margret encontra os principais especialistas e advogados no assunto e se conecta com várias outras famílias tocadas pelo autismo. À medida em que se depara com terapias inovadoras, Margret encontra a esperança de que seu filho possa ser capaz de se expressar em um nível que nunca pensou ser possível.
17. Adam (2009)
Adam, um rapaz com síndrome de asperger, é apaixonado por astronomia, e passa a morar sozinho após a morte do pai. Tem um único amigo para apoiá-lo, Harlan. O filme trata do seu relacionamento com uma nova vizinha, a professora Beth. Foi escrito e dirigido por Max Mayer, que teve a ideia quando ouviu uma entrevista de um homem que sofria da doença. Foi premiado no Sundance Film Festival e no Method Fest Independent Film Festival do ano seguinte.
18. Temple Grandin (2010)
É baseado no livro Uma Menina Estranha, da própria Temple, uma mulher com autismo que acabou se tornando uma das maiores especialistas do mundo em manejo de gado e planejamento de currais e matadouros
19. Um Time Especial (2011)
Baseado no livro The Legend of Mickey Tussler, o filme conta a história de um técnico de uma liga juvenil de beisebol que chama um garoto com autismo para ser seu lançador. Os dois terão que vencer preconceitos e a rejeição de alguns jogadores do time para seguir em frente.
Autismo
+AUTISMO: ESPECIALISTA DA UFSCAR EXPLICA A CONDIÇÃO QUE É MARCADA PELO ESTIGMA
Publicado em 9 de janeiro de 2014
+Autismo: especialista da UFSCar explica a condição que é marcada pelo estigma
O Transtorno do Espectro Autista atinge quase 1 em cada 80 crianças nascidas em todo o mundo. Com diversas variações na forma de se apresentar e tratamento baseado em estratégias específicas para cada indivíduo, o Autismo nem sempre é incapacitante mas ainda há defasagem de profissionais especializados para atender essa população. Veja artigo de Celso Goyos, especialista e pesquisador na área.
“Considerações gerais acerca do autismo”, por Celso Goyos (Coordenador do Laboratório de Aprendizagem Humana,Multimídia Interativa e Ensino Informatizado, o LAHMIEI, do Departamento de Psicologia da Universidade Federal de São Carlos)
Hoje irei dar início a uma série de pequenos artigos sobre o tema “Autismo”. A caracterização geral mais amplamente aceita do autismo é a de que se trata de um transtorno do desenvolvimento que se manifesta através de uma multiplicidade de sinais, que aparece ao longo dos primeiros anos de vida. Vem daí o nome “transtorno do espectro autista”(TEA) ou “transtorno global do desenvolvimento”(TGD).
Em função do largo espectro dentro do qual se manifesta, o autismo afeta aproximadamente uma em cada 88 crianças, segundo cálculos recentes do Center for Desease Control (CDC), dos EUA. Esta incidência é altíssima e representa número maior de casos do que aqueles de HIV positivo, câncer e diabetes infantil somados. Não se trata de uma epidemia, no entanto, mas muito provavelmente o crescente aumento da incidência deve-se às especificações mais detalhadas dos sinais da síndrome, à sua divulgação, e à capacitação dos profissionais responsáveis para reconhece-los.
Embora não haja cálculos estatísticos para o Brasil, como um todo, é razoável supor que a incidência seja muito próxima da internacional, uma vez que em vários países onde foram realizados levantamentos a proporção se mantém aproximadamente no mesmo nível. Esta incidência é assustadora e preocupante.
Diagnóstico demora meses e até mesmo anos
Os índices são assustadores porque, além do transtorno do autismo afetar aproximadamente uma em cada cinco famílias, cada caso é responsável pela desorganização do ambiente familiar e, com frequência, pela desestruturação da família, a começar pelo relacionamento dos pais da criança.
O diagnóstico pode demorar meses ou até anos para ser concluído. Durante este período perdura a mais absoluta e angustiante incerteza sobre a vida da criança, dos pais, e da família.
Soma-se a isto o fato de que a criança com autismo exige, em grande parte dos casos, atenção e cuidados intensos continuadamente em 100% do seu estado de vigília. Com poucos serviços especializados de qualidade disponíveis, e pela intensidade da atenção necessária, muitas vezes os próprios pais se dedicam ao trabalho mesmo que isso custe o abandono do emprego ou de outras atividades de sua preferência. A perda do poder aquisitivo e o aumento da tensão nas relações familiares são apenas algumas das consequências mais imediatas.
Não há profissionais em número suficiente para esse público
Não há, portanto, profissionais em número suficiente qualificados para ocupar todos os espaços necessários para intervenções satisfatórias, na família, na escola, e na comunidade como um todo.
Preocupante o índice alto de incidência, também, porque não dispomos de programas de ensino especializados e em número suficiente para capacitar tais profissionais da área de saúde e de educação, quaisquer que sejam eles, quanto menos para capacitar pais e familiares. Ainda não há uma agência regulamentadora ou controladora sobre a qualidade dos poucos cursos e serviços já existentes. Há uma grande dependência de informações e muitas vezes elas chegam ao grande público de maneira distorcida ou mesmo totalmente equivocada.
Os sinais do autismo encontram-se situados em três áreas amplas e relacionadas: na esfera do desenvolvimento da linguagem, que se manifesta com atraso, ou com grandes deficiências, tais como déficits na fala e na compreensão da fala, fala repetitiva, também conhecida como ecolalia, e fora de contexto; na esfera do envolvimento social, que se manifesta através da ausência do contato com outras pessoas, mesmo do contato visual e físico – a criança não busca nem reage a contatos com outras pessoas – ou do consequente isolamento social; e do excesso de comportamentos repetitivos, não-funcionais, estereotipados – tais como, movimentos com as mãos e braços, ou movimentos pendulares do tronco – ou mesmo auto-abusivos.
Uma ou outra dessas características, isoladamente, e de forma passageira, podem ser comuns e absolutamente não caracterizam o transtorno. No caso da criança com autismo, os sinais podem se apresentar individualmente e quando forem combinados, se mostrarem diferentes em cada caso e com intensidades variadas.
Assim, temos um espectro variadíssimo de combinações de sinais que podem confundir o profissional, e a experiência em diagnóstico ao mesmo tempo que é extremamente importante, é difícil de ser adquirida. Para se caracterizar o transtorno é necessário e fundamental que estes sinais sejam observados desde o início do desenvolvimento da criança, representem as três áreas citadas, e ocorram em frequência considerada suficiente para impedir a vida funcional da criança, e que sejam reconhecidos por uma equipe multidisciplinar, para se evitar olhares enviesados.
Diagnóstico complexo
O diagnóstico de autismo é, portanto, complexo, a começar pelo espectro de sinais que envolve e também pelo desenvolvimento de outras doenças ou deficiências associadas, tais como, deficiência intelectual. Não há testes ou exames médicos objetivos para a detecção do autismo. O diagnóstico é multidisciplinar e baseado em características comportamentais. Para dificultar ainda mais, a criança com autismo não se difere fisicamente de uma criança com desenvolvimento típico.
No caso de uma criança com suspeita de Síndrome de Down (ou trissomia do cromossomo 21), ela apresenta desde o nascimento sinais físicos típicos, que levam o profissional de saúde a imediatamente levantar a suspeita, que pode ou não ser confirmada através de testes genéticos objetivos. Pelo fato da criança com autismo se apresentar fisicamente muito semelhante, senão idêntica, a uma criança com desenvolvimento típico, os pais podem relutar diante das primeiras evidências, e até mesmo rejeitar a possibilidade do diagnóstico, que é aversivo, e tornar-se-á aversivo e provavelmente será evitado também o profissional que levantar a hipótese.
É muito comum quando a criança apresenta, por exemplo, atraso no desenvolvimento da fala, os pais acreditarem que é um fato passageiro e que mais tarde a criança “espontaneamente” irá se desenvolver e até a recuperar o atraso. Essa crença pode estar baseada em fatos reais, acontecidos com pessoas próximas, ou até mesmo como sugestão dos profissionais envolvidos no atendimento a esta criança.
Mas quando este não é o caso, e a criança não se recupera, passaram-se semanas, meses, ou até anos, até que se introduza a intervenção. Assim, todo este tempo estará perdido e o desenvolvimento da criança pode e provavelmente ficará seriamente prejudicado.
Terapia de Análise do Comportamento é a melhor estratégia
Embora não haja cura para o autismo, há tratamento, e este tratamento pode ser bastante eficaz e fazer uma diferença brutal para a criança, família, escola, e comunidade. Dentre as mais variadas formas de tratamento, as mais eficazes são as intervenções baseadas na Análise do Comportamento, também conhecidas mais popularmente por “tratamento ABA” ou “terapia ABA”, onde a sigla ABA se refere às iniciais em inglês de Análise Aplicada do Comportamento. Ou seja, princípios da Análise do Comportamento derivados de estudos experimentais rigorosos, com farta evidência de resultados, que norteiam a aplicação ao autismo.
Um aspecto adicional a gerar preocupação é que as intervenções ABA são eficazes se forem aplicadas logo após os primeiros sinais e as primeiras suspeitas de diagnóstico e de maneira intensiva – 20 a 40 horas por semana – a depender do caso, por um período mínimo de dois a três anos, também a depender do caso.
A necessidade da intervenção precoce nos remete à questão da necessidade do diagnóstico ser concluído o quanto antes. No futuro próximo tratarei aqui destas intervenções, em muito mais detalhes.
Uma das medidas mais importantes na atuação com relação ao autismo é a capacitação dos profissionais que têm contato direto com esta população: psicólogos, terapeutas, médicos, professores, pais e demais cuidadores, no sentido de identificarem os sinais do transtorno e de introduzirem, o mais rapidamente possível, intervenções baseadas na Análise do Comportamento que possam impedir o desenvolvimento e reverter os sinais do quadro de autismo.
Sem limites para a aprendizagem
Jovem com síndrome de Down é aprovado para o Instituto Federal de Ciência e Tecnologia do Maranhão
Na última semana, o adolescente Genilson Protásio Filho ingressou no curso de técnico em informática do Instituto Federal de Ciência e Tecnologia do Maranhão (IFMA), tendo sido aprovado em primeiro lugar, entrando pelas cotas destinadas a pessoas com deficiência. Ele se tornou o primeiro estudante com síndrome de Down da instituição.
A escolha do curso e a decisão de participar do seletivo foram do próprio estudante. Ele não escolheu a formação por acaso. Desde criança, o adolescente demonstrou facilidade com jogos eletrônicos e informática, tanto que a família lhe deu um computador e agora comprará um tablet, que é necessário para o curso do IFMA. “Eu sempre gostei de mexer em máquinas, de desmontar os brinquedos para saber como eles funcionam”, revela Genilson Filho.
Mas foi a direção da Escola Educar, percebendo as habilidades de Genilson para a área, já que no 9º ano ele participou da turma de robótica, que sugeriu à família que o estudante prestasse seletivo para uma instituição de ensino que também oferecesse curso técnico. “Eu fiquei na dúvida de onde matriculá-lo, pensei até em colocá-lo em alguma escola privada, mas conversamos com ele e ele escolheu fazer técnico em informática no IFMA”, conta Rosanilce Ribeiro, mãe de Genilson Filho.
Quando O Estado chegou em sua casa para a entrevista, ele conversava com amigos pelo celular usando o aplicativo de mensagens instantâneas mais popular da atualidade, o WhatsApp. “A gente percebeu desde cedo que ele gostava e tinha habilidade em informática, mas nós também sempre o incentivamos, tanto que compramos um computar e demos um celular”, diz Rosanilce.
No dia do seletivo, ele teve uma hora a mais para responder às questões e contou com o auxílio de um ledor para poder preencher o gabarito da prova. As aulas no IFMA começaram dia 22 de janeiro, mas só na quinta-feira (6) Genilson começou a frequentar o curso. No início da semana, ele e a mãe foram até o IFMA conhecer as instalações da instituição e seus colegas de turma, a quem já foi devidamente apresentado. “A gente também conversou com a psicopedagoga do IFMA para saber como serão as aulas”, informa a mãe.
Perfil – Genilson Filho é um adolescente introspectivo e, em seus momentos de lazer, gosta de ficar em casa jogando videogame, mas, junto com a família, ele participa de atividades que promovam a inclusão social de pessoas com algum tipo de deficiência. No ano passado, ele foi eleito presidente da Juventude do Fórum Municipal da Pessoa com Deficiência, em São Luís, movimento iniciado pelos seus pais após o seu nascimento, e participa de diversos eventos pelo estado. No mês passado, ele acompanhou o pai ao interior do estado, onde foi implantado mais um conselho municipal.
Especialistas destacam que não existem graus de síndrome de Down. O desenvolvimento dos indivíduos com a trissomia está intimamente relacionado ao estímulo e incentivo que recebem, sobretudo nos primeiros anos de vida. E o apoio dos pais foi fundamental para que Genilson Filho pudesse desenvolver suas habilidades. “Genilson nasceu de oito meses. Quando ele nasceu, a gente não sabia nada sobre a síndrome de Down, mas os médicos sempre disseram que Genilson podia ter um desenvolvimento normal, então nós procuramos entender o que era a síndrome”, conta Rosanilce Robeiro.
O primeiro contato da família com alguma fonte de informação fora dos consultórios médicos foi por meio do livro Muito prazer, eu existo, de Claudia Werneck, o primeiro livro escrito no Brasil sobre síndrome de Down para leigos. Então, em 1998, quando Genilson tinha apenas 2 anos, a família começou a participar de fóruns, eventos e congressos. “Eu fui a um congresso em Brasília e vi muitas pessoas com síndrome de Down fazendo dança, teatro e uma série de outras atividades comuns, então eu disse que queria que meu filho fosse uma criança como todas as outras”, lembra Rosanilce Ribeiro.
Ambiente escolar – Se a busca por informação e incentivo por parte da família é fundamental para que a criança com síndrome de Down possa se desenvolver, a inclusão no ambiente escolar é necessária para que ele aprenda a viver em sociedade. E este foi outro grande desafio para a família. Rosanilce queria que o filho estudasse em uma escola regular. Então buscou uma escola em que ele pudesse cursar as disciplinas normais em salas comuns. Com a ajuda de fonoaudiólogos e psicopedagogos, ela conseguiu adaptar as avaliações às necessidades do filho.
A mãe de Genilson Filho destacou que as escolas precisam ter disponibilidade para receber pessoas com deficiência. “Não é imprescindível que a escola tenha turma especial e professoras com especialização em educação especial para incluir a criança portadora de algum tipo de deficiência. O primordial é ter disponibilidade. E a escola onde eu matriculei Genilson se abriu para ele. Além das disciplinas regulares, ele fez teatro, coral, robótica”, conta.
Agora, Genilson e a família se preparam para outro desafio, o IFMA. “O IFMA tem alunos com diversos tipos de deficiência, mas Genilson vai ser o primeiro com síndrome de Down. Eu já conversei com a psicóloga da instituição para manter o mesmo padrão que eu tinha na antiga escola dele e ela disse que receber meu filho será um desafio também para ela, mas estamos prontos”, afirma a mãe.
Fonte: O Estado do Maranhão
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